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Falta de silos de armazenamento põe em risco a superprodução brasileira de grãos
Especialistas alertam para o risco de um colapso logístico no período pós-colheita
A safra 2024/2025 deve alcançar um crescimento expressivo de 8% na produção de grãos, totalizando 322,5 milhões de toneladas, segundo estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No entanto, o aumento da colheita intensifica um problema estrutural no agronegócio brasileiro: o déficit de armazenagem. Especialistas alertam para o risco de um colapso logístico no período pós-colheita, especialmente se as condições climáticas favorecerem a produtividade em todo o país.
O presidente da Câmara Setorial de Equipamentos para Armazenagem de Grãos da Abimaq, Paulo Bertolini, destaca a necessidade de investimentos robustos para acompanhar o crescimento da produção. Ele calcula que seriam necessários R$ 15 bilhões anuais apenas para manter o ritmo do aumento de 10 milhões de toneladas por ano. “Esse valor é só para acompanhar o crescimento, não para eliminar o déficit, que já ultrapassa R$ 120 bilhões”, explica.
“No ano passado, o déficit total da capacidade de armazenagem brasileira era de 83 milhões. Esse ano, salta para 118 milhões. É comum e esse ano vai ser mais grave ainda. Se vê milho sendo armazenado a céu aberto, sujeito a ataques de insetos, sujeito a ataques de roedores e, inclusive, as chuvas”, diz Paulo Bertolini. Falta de silos de armazenamento ameaça a superprodução de grãos.
No Brasil, a capacidade de armazenagem aumentou 5,4% nos primeiros seis meses de 2024, alcançando 222,3 milhões de toneladas, mas ainda não é suficiente para atender à demanda. Cinco produtos representam 96,1% do total estocado, com destaque para soja e milho. O número de estabelecimentos de armazenagem também cresceu 3,5%, totalizando 9. 424 unidades.
Para lidar com o déficit, o governo federal destinou R$ 7,8 bilhões ao Programa para a Construção e Ampliação de Armazéns no Plano Safra 2024/2025, mas especialistas acreditam que os recursos ainda são insuficientes.
É necessário focar na instalação de silos nas propriedades rurais para reduzir a dependência de estruturas industriais. Sem investimentos adequados e redução da burocracia, o agronegócio brasileiro pode enfrentar gargalos logísticos que afetariam sua eficiência e competitividade.
Outro entrave apontado pelo especialista é a burocracia para a construção de armazéns. “Um trator de R$ 2 milhões exige apenas um aval para financiamento. Já para um silo, é necessário lidar com hipoteca, licença ambiental, licença prévia e licença de operação. Isso torna o processo extremamente complicado para o agricultor”, afirma.
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