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  • Saúde  •  24/08/2024  •  um ano atrás

Luto afeta não somente os familiares , mas também a sociedade que sofre junto

Assim como num processo de luto individual, o luto coletivo também necessita ser expresso, acolhido e validado

Luto afeta não somente os familiares , mas também a sociedade que sofre junto

Li recentemente um post de autoria desconhecida, mas que praticamente viralizou nas mídias sociais, e que dizia: “sejam pacientes e gentis com as pessoas: quase ninguém está bem”. Esse post expressa com sensibilidade e exatidão o estado de nós. O post, em sua simplicidade, “autoriza” uma sociedade caracterizada por uma positividade, muitas vezes, forçada e tóxica a sentir tristeza pelas próprias dores e pela dor do outro. 
Há uma validação para expressarmos as nossas dores, as nossas tristezas e nossos choros. Parece que finalmente não precisamos silenciar um dos processos psíquicos mais genuínos que um ser humano é capaz de vivenciar, o luto. 

Assim como num processo de luto individual, o luto coletivo também necessita ser expresso, acolhido e validado.

“Quem parte leva saudades de alguém que fica chorando de dor”

Antes de nomear o que está se passando dentro de nós nesse momento, precisamos entender melhor o que é luto. 
O Luto é um processo de elaboração de uma perda significativa, que pode ser a morte de uma pessoa que amamos ou o fim de algo muito importante que faz parte das nossas vidas. Como por exemplo, uma doença grave que leva a saúde embora ou o término de um namoro, casamento ou amizade.

As emoções são contagiosas, por isso se observa o efeito coletivo. Essa situação pode ajudar alguns, que passam a se sentir presentes na situação, acompanhados, compartilhando emoções.

Luto coletivo é o que acontece após grandes enchentes, cujo saldo para os sobreviventes é a perda de familiares, amigos, casas e outros bens materiais ou de valor afetivo e sonhos. Ou em tragédias como o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, o rompimento das barragens de Brumadinho, a queda do avião com os jogadores da Chapecoense, o incêndio da boate Kiss e do Ninho do Urubu, Também ocorre quando os grandes ídolos morrem, como o Ayrton Senna, o Ricardo Boechat e o Gugu.
Mas se já é difícil para cada um de nós entender exatamente o que sente ao ver as mortes em série provocadas pela covid-19, encontrar uma palavra para definir o que se passa dentro de milhões —ou bilhões — de pessoas é uma tarefa ainda mais complicada. Em geral, elas nos deixam comovidos e nos fazem pensar na finitude, na fragilidade da vida, nos nossos planos interrompidos e no mundo pós-pandemia, que é desconhecido.

A forma como sofremos é individual.
Embora as reflexões e o pesar sejam amplificados pelo coletivo, não são generalizados. Até porque a realidade nos toca de maneiras distintas, com maior ou menor intensidade. Além de ficarmos condoídos pelas perdas humanas, somos invadidos pelo medo (por vários motivos), ansiedade, frustração, desamparo, revolta e outros sentimentos. “Alguns deles estão presentes ao mesmo tempo. Um caldeirão de emoções que podem ocorrer juntas, colocando em risco a saúde mental”. 

É a empatia que nos faz sentir tanto as perdas de pessoas que nem conhecemos.

Não é possível estimar a duração de um luto coletivo. “Não podemos medir em dias, meses ou anos. O luto é uma experiência que se manterá por toda a vida, em intensidades diferentes. Algumas pessoas não conseguirão elaborar as perdas e terão sofrimento excessivo, depressão e outros transtornos físicos e mentais. Outros poderão suportar melhor, adaptando-se à nova realidade”.


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