FALTA DE INVESTIMENTOS
Ministro de Lula admite que caças da FAB estão parados por falta de combustível
Defesa alega restrições orçamentárias e busca garantir recursos mínimos para manter a capacidade operacional das Forças Armadas

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, afirmou publicamente que a Força Aérea Brasileira (FAB) enfrenta dificuldades operacionais tão graves que há caças e aviões de combate parados por falta de combustível. A revelação acendeu um sinal de alerta sobre a situação financeira das Forças Armadas, num momento em que o governo federal vem sendo cobrado tanto pela contenção de gastos quanto pela oposição, que critica o uso de aeronaves oficiais por autoridades civis.
“Nós temos caças parados, aviões de combate parados, precisamos de combustível, precisamos de manutenção. Isso é equipamento público”, disse Múcio, em entrevista recente.
Críticas à utilização de voos da FAB
A declaração do ministro ocorreu justamente quando a oposição intensificou as críticas ao uso de jatos da FAB por autoridades, incluindo viagens da primeira-dama, Janja da Silva, e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Para parlamentares oposicionistas, há um contraste entre a alegada falta de recursos para manter aeronaves militares operando e o uso frequente das mesmas para transporte de figuras públicas, em agendas oficiais ou eventos diplomáticos.
Múcio, no entanto, argumenta que as viagens de autoridades constituem parte da atribuição institucional da FAB, mas reconheceu a situação dramática dos meios militares, sobretudo os de defesa aérea.
Cenário orçamentário crítico
Segundo documentos oficiais e reportagens recentes, a situação orçamentária das Forças Armadas está sob forte pressão. Para 2025, está previsto um corte de aproximadamente R$ 2,6 bilhões no orçamento da Defesa. Atualmente, cerca de 91% de todo o orçamento militar está comprometido com despesas obrigatórias, como salários, pensões e encargos sociais, deixando apenas uma pequena fração disponível para custear operações, treinamentos, manutenção e aquisição de insumos estratégicos, como combustível e peças de reposição.
Levantamentos internos indicam que, se não houver suplementação orçamentária, a FAB corre o risco de manter diversos aviões no solo. Estima-se que as Forças Armadas precisem de ao menos R$ 1 bilhão extra ainda neste ano para manter sua atividade operacional básica, incluindo missões de patrulhamento aéreo, transporte logístico e exercícios de prontidão.
Além dos caças, o problema afeta também aviões cargueiros e helicópteros, que executam tanto missões militares quanto ações de apoio humanitário e socorro em emergências.
PEC da Previsibilidade
Como resposta a essa crise, o governo estuda apoiar a chamada PEC da Previsibilidade, proposta que tramita no Congresso Nacional. O texto prevê destinar 2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de forma carimbada para gastos com Defesa, seguindo padrões praticados por países-membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A ideia é blindar as Forças Armadas contra cortes drásticos, garantindo estabilidade orçamentária para planejamento a longo prazo.
José Múcio argumenta que a PEC seria fundamental para assegurar a manutenção de equipamentos de alto custo, como aeronaves, navios e blindados, e para preservar a capacidade dissuasória do Brasil. Críticos, porém, avaliam que engessar o orçamento federal poderia prejudicar áreas prioritárias como saúde, educação e programas sociais.
Implicações estratégicas
Especialistas em defesa nacional afirmam que manter caças parados no solo fragiliza a capacidade de defesa do espaço aéreo brasileiro, especialmente num país com dimensões continentais e crescente importância geopolítica. A Força Aérea é responsável não apenas por proteger as fronteiras, mas também por assegurar a soberania sobre áreas estratégicas como a Amazônia e a zona econômica exclusiva do pré-sal.
Além disso, a FAB desempenha papel crucial em operações de ajuda humanitária, transporte de órgãos para transplantes, evacuações médicas, e missões em regiões de difícil acesso.
Clima político
O debate sobre o orçamento militar se insere em um cenário político tenso, no qual a oposição tenta explorar a contradição entre a crise operacional das Forças Armadas e o uso ostensivo dos aviões oficiais para viagens de autoridades civis. Parlamentares bolsonaristas, sobretudo, têm usado o tema como munição para criticar a gestão de Lula na área de Defesa.
José Múcio, porém, tenta afastar qualquer viés político do assunto. Para ele, trata-se de uma questão técnica e estratégica:
“As Forças Armadas têm que estar preparadas para tudo. Se a gente deixa o equipamento parado, lá na frente custa muito mais caro recuperar do que manter. E nós precisamos ter meios mínimos para defender o País”, concluiu.
Perspectivas
O governo deve enviar ao Congresso, nas próximas semanas, a proposta orçamentária detalhada para 2025, onde constarão as verbas reservadas para Defesa. A tramitação da PEC da Previsibilidade, por sua vez, promete esquentar o debate entre governo, oposição e a sociedade civil sobre quais devem ser as reais prioridades fiscais do país.
Enquanto isso, os caças da FAB, alguns com tecnologia de ponta adquirida nos últimos anos, continuam parcialmente no chão — um retrato dramático de um setor considerado essencial para a segurança e a soberania nacional.
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