• Economia  •  30/11/2024  •  3 meses atrás
Temor de descontrole fiscal faz dólar disparar e agrava instabilidade, dizem economistas

Temor de descontrole fiscal faz dólar disparar e agrava instabilidade, dizem economistas

Moeda americana registra forte valorização na semana com piora das expectativas com quadro fiscal brasileiro

No mês, o dólar teve uma alta de 3,8%, fechando outubro em R$ 5,78. A maior parte da tensão ocorreu na última semana, com uma variação acumulada de 3,21%. Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou um pacote de contenção de gastos para gerar uma economia de R$ 70 bilhões. Apesar de medidas do mercado serem incluídas, o pacote fiscal causou temores nos investidores. 

A isenção do imposto de renda para ganhos de até R$ 5 mil foi vista como um erro pelo mercado financeiro, aumentando a incerteza sobre as contas públicas brasileiras. Isso fez com que o dólar se fortalecesse em relação ao real, devido à percepção de descontrole fiscal e inflação acima da meta. 

Com o aumento da incerteza, os investidores buscam ativos mais seguros, como o dólar, desencadeando um movimento de valorização da moeda americana em relação ao real.

“O pacote de corte de gastos, parte da proposta do novo regime tributário, está em discussão no Congresso, mas não agradou ao mercado, que demonstrou insatisfação. As negociações entre o ministro da Fazenda e os parlamentares não apresentaram avanços significativos, reforçando a incerteza”, explica Kelly Massaro, presidente-executiva da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam).

De um lado, Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, aponta que o conjunto da obra é o problema.

“O diagnóstico de especialistas em contas públicas é que o pacote não contém alterações estruturais no lado das despesas e que não será suficiente para impedir o aumento da dívida de forma sustentável, servindo apenas para dar um alívio e facilitar o atingimento das metas fiscais até 2026”, escreveu em nota.

Para Helena Veronese, economista-chefe B.Side Investimentos, maior parte do estresse nem está tão direcionada ao pacote em si, mas ao anúncio sobre o IR.

“Isso trouxe estresse porque eu acho que a sinalização que se passa é muito ruim. É uma sinalização de pouco comprometimento com a âncora fiscal, porque ao mesmo tempo em que você anuncia que você vai cortar gastos, você anuncia que você está abrindo mão de R$ 35 bilhões de receita por ano”, diz Veronese.

Investidores estão atentos às mudanças na transição de governo nos EUA, com destaque para as medidas econômicas propostas por Donald Trump, que podem impactar a inflação dos EUA e a cotação do dólar. Além da tensão doméstica, esses fatores contribuem para a depreciação do real.

“A pressão externa aumenta devido à expectativa em torno das decisões econômicas do governo americano. Embora seja improvável que o dólar se mantenha acima de R$ 6, a volatilidade deve persistir. É esperado que, semanalmente, ocorram picos na cotação, seguidos de quedas, até que haja maior clareza sobre as questões fiscais domésticas e internacionais”, afirma Massaro.

“O ponto central da instabilidade atual está tanto na indefinição do pacote fiscal brasileiro quanto na política econômica americana. Enquanto essas questões não forem resolvidas, a tendência é que o mercado permaneça oscilante, com o dólar potencialmente chegando próximo de R$ 6 em alguns momentos.”


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